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Situação do Hospital Infantil de Vitória é de calamidade, diz Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica

10/05/2017

Presidente da SOBOPE visitou os leitos do hospital nesta quarta-feira. Denúncias apontam falta de vagas na enfermaria oncológica.

A presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) visitou os leitos do Hospital Infantil de Vitória, nesta quarta-feira (10), e disse que a situação da unidade é grave. “É uma situação de calamidade, que não está adequada em hipótese nenhuma aos critérios mínimos”, declarou Teresa Cristina Fonseca.

Denúncias feitas por pais de crianças apontam que não há mais vaga na enfermaria oncológica desde o último sábado (6). Segundo relatos, a vaga de internação só surgem quando outras crianças morrem.

As crianças que precisam de internação estão sendo acomodadas em outras áreas do hospital, como a sala de isolamento, destinada a pacientes com alguma doença contagiosa e a ortopedia. As macas são colocadas perto de lixeiras, com pacientes muito próximos uns dos outros.

“Você não pode ter um contaminante perto de uma criança que está deprimida. Ela já tem uma chance maior de ter infecção grave e, se você põe algo contaminante, como um lixo, essa chance aumenta mais ainda. Por que tem que ter espaço mínimo? Justamente para evitar a translocação de infecção. Numa criança com leucemia, por exemplo, na maioria das vezes, ela não vai morrer por uma refratariedade da leucemia, mas pelas intercorrências, como a infecção, que é a principal”, declarou Teresa Cristina.

Além desse problema, as mães reclamam que, para chegar ao setor de oncologia, têm que passar em frente à funerária. “A gente, que já está com aquela dor incrível, tem que ver eles passando com uma criança para colocar dentro do carro da funerária”, falou uma mãe.

A direção do Hospital Estadual Infantil de Vitória informou que as transferências para a oncologia estão sendo providenciadas. Mas a presidente da Acacci, Marilza Vairo, disse que a situação já poderia ter sido resolvida.

“A gente tem parceria com o Instituto Ronald McDonald, agora o Ministério da Saúde nos ofereceu parceria também, nós temos a Sobop, a Coniac, que é a Confederação Nacional de Instituições de Câncer, que o representante está aqui também. Eles conseguem nos ajudar para conseguir verba para a gente construir um hospital, mas a gente não está vendo uma solução”, declarou Marilza.

Secretaria de Saúde

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse, em nota, que a direção do Hospital Infantil reconhece o desafio de otimizar o atendimento, mas que a procura tem crescido por causa da excelência dos serviços.

A Sesa explicou que as transferências precisam ser feitas dentro do próprio hospital, já que ele é a única unidade no estado que oferece esse serviço. Eles esperam amenizar a situação do Hospital Infantil, em Santa Lúcia, com a transferência do pronto socorro para Bento Ferreira.

O local onde, atualmente, funciona o pronto-socorro será reformado e ampliado para aumentar a oferta de tratamento contra câncer e casos complexos. Ao todo, o pronto-socorro vai receber 70 novos leitos. As obras de reforma estão na fase final e a abertura dos leitos deve ocorrer até julho.

Fonte: G1